Durante a entrevista na manhã de ontem, 26, à rádio Alternativa, o prefeito Gustavo Prandini informou que o governo municipal assumirá a gestão do Pronto-Socorro do Margarida. O prefeito foi enfático ao afirmar que não permitirá que a população seja prejudicada pela má gestão do hospital. Leia entrevista de Prandini.
Rádio Alternativa - Caro prefeito, queríamos tirar a dúvida sobre uma notícia que saiu num jornal da cidade: Conselho autoriza fechar Pronto-Socorro do hospital:
Prandini: Infelizmente, tem jornal da cidade que coloca o que quer sem ouvir a Administração Municipal, buscando interesses políticos, eleitoreiros, partidários, que não fazem o menor sentido no momento na nossa cidade.
É preciso esclarecer à comunidade o que vem acontecendo realmente no Hospital Margarida. Existe o Conselho Municipal de Saúde que é um conselho importante na nossa cidade, com representantes dos bairros, das comunidades, mas não é esse conselho citado no jornal. Este conselho citado é da Associação São Vicente de Paula, que nada tem a ver com essa respeitosa e tão antiga e importante Sociedade São Vicente de Paula. São entidades, são associações completamente diferentes. E usam o nome Associação São Vicente de Paula para confundir a cabeça da comunidade na questão do nome. É esse conselho que está gerindo o Hospital Margarida. Então esse conselho está colocando que se nós não ajudarmos o hospital, eles vão fechar o Pronto-Socorro, porém no ano passado, eu aumentei o repasse do hospital em 30%. De R$ 200 mil para R$ 260 mil. Este ano nós estamos pagando R$ 260 mil por mês. E estamos em negociação com o hospital para discutirmos esse convênio, pois se nós pagamos R$ 260 mil por mês temos o direito de saber como esse dinheiro está sendo aplicado, porque a população vem reclamando também de que não é atendida no hospital. Lá tem se dado preferência somente para plano de saúde. E porque o pessoal que chega no hospital de baixa renda é enviada só pro PA? Então a gente até sabe que o PA fica cheio, porque antes a gente podia dividir entre os dois pronto-socorros. E hoje, o PA tem de absorver toda a população que tem tido dificuldades de atendimento no Hospital Margarida. Por isso que nós começamos a fazer mais exigências e eles estão com esse tipo de situação aí, querendo desinformar, querendo deturpar e confundir a cabeça da população. Inclusive, constantemente têm faltado plantonistas no Hospital Margarida. Por quê? Se todo mês nós pagamos este valor e aumentamos 30% com relação ao governo anterior, por que têm faltado plantonistas? Tem vereador de oposição que até tem dito que os médicos de Monlevade não estão querendo trabalhar. Eu discordo. Eu ten ho visto a nossa classe médica, eu já fui paciente diversas vezes e pude ver o quanto a nossa classe médica trabalha e muito. Estou aqui para dizer para a população que nós não vamos aceitar fechar o Pronto-Socorro do Margarida e que eu estou disponível para que a administração o assuma imediatamente, já que a Associação São Vicente de Paula está falando em fechar. Se o problema é de verba, nós assumimos tudo e aí eles não vão ter gasto com nada. Nós vamos assumir o Pronto-Socorro do Margarida para que a população seja bem atendida lá. E os R$ 7 milhões que a imprensa anunciou que iria para o Hospital? Estão anunciando no jornal que o deputado da região está arranjando R$ 7 milhões. Então, porque que dessa verba não pegam parte para pagar os plantonistas, já que estão dizendo que estão fechando o Pronto-Socorro porque não tem dinheiro para pagar os médicos?
RA - No jornal está dizendo que a verba de R$ 7 milhões seria para a construção de um CTI:
GP - A população sabe que se você comprou um carro, não adianta ter dinheiro só para comprar o carro. Tem de ter dinheiro depois para pagar o IPVA, para pagar a gasolina, manutenção. Então vocês compreendem que não adianta construir prédios, se depois não tiver dinheiro para pagar os médicos, enfermeiros, remédios, medicamentos, energia, toda a despesa que vai ser gerada com isso. Então, nós estamos aqui para dizer: nós concordamos e queremos apoiar a construção do CTI. Boa gestão não é só construir obra. Boa gestão é também gerenciar a manutenção do hospital.
RA - O senhor acha então que está havendo uma má gestão?
GP - Não tenho dúvida nenhuma. A população precisa estar atenta a isso. Porque você apenas apresentar prédio construído, mas não dar solução de como vai ser mantido o hospital, de como vai ser pago o salário de funcionários, como vão ser pagos os medicamentos, não resolve o problema. É muito fácil construir prédio, mas como vai resolver o problema do cidadão que chega lá, mas não encontra o plantonista, que não encontra a solução para o seu problema no hospital e acaba dificultando também para o PA?
RA - Isso, dentro da lei, tem possibilidade de ser feito? De fecharem o Pronto-Socorro, Sr. prefeito?
GP - Não tem, pois eles têm título de filantropia, que significa atender a comunidade carente, pelo SUS. Eles são cadastrados para atender também pelo SUS e têm uma quota que têm de atender à população que não tem condições de pagar um plano de saúde. Então eles têm de atender sim no Pronto-Socorro, porque senão podem perder o credenciamento pelo SUS. E mesmo o cidadão que paga um plano de saúde, vai chegar no hospital num caso de urgência, no caso de precisar do Pronto-Socorro e não vai ter o atendimento. Então, mesmo que retirassem o atendimento do SUS do Hospital, o que é um absurdo, pois tendo título de filantropia, tem de atender o SUS, como é que eles ficariam para atender o particular? E, vejam, que o Hospital tem renda do particular, do convênio, de todo o Sistema SUS que repassa a verba, mais o nosso repasse de R$ 260 mil mensais e estão alegando que não estão tendo condições de pagar os funcionários. Isso é um absurdo.
RA - O senhor havia dito antes que o repasse foi aumentado...
GP - Foi aumentado. Eles nos explicaram a situação. Nós entendemos que era importante dar o apoio e começamos a analisar e exigir informações, mas essas informações não chegam até nós. Eles não explicam esse buraco sem fundo que todo ano precisa aumentar, mas estão construindo. Eu entendo que o principal em qualquer lugar é você pagar seu funcionário, é você ter condições de bancar a manutenção do sistema. Então, se está faltando dinheiro para pagar funcionário do Pronto-Socorro, os médicos que trabalham aqui em Monlevade, porque estão com tantas obras? Nós queremos as obras sim, mas antes queremos o sistema de saúde do Pronto-Socorro funcionando plenamente e não como está hoje.
RA - A população quer ser bem atendida, não é?
GP - Por isso é que vou levar essa situação para o Conselho de Saúde. Será que isso foi discutido no Conselho de Saúde antes? Não foi! Nós fomos comunicados antes? Não fomos! Eles discutiram com a gente a possibilidade de oferecer o controle do Pronto-Socorro, em uma única reunião, no meu gabinete, o Lucien (Marques), que é o provedor do Hospital colocou a possibilidade de nós assumirmos. Está em ata assinada que eu tenho a disponibilidade de assumir o Pronto-Socorro. Então, como é que eles deliberam isso antes até de nos avisar? Como se manifestaram sobre esse interesse de fechar, se eu já havia sinalizado que assumiríamos o Pronto-Socorro pra resolver o problema do Hospital Margarida, essa má gestão que, infelizmente, vem prejudicando a população?
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