quinta-feira, 25 de fevereiro de 2010

‘Se for solto, Arruda não vai voltar ao governo’, diz advogado do governador

Nélio Machado disse que governador já decidiu ficar fora da gestão no DF.
Arruda assume compromisso de ficar afastado durante investigações.
Se ganhar o direito à liberdade no Supremo Tribunal Federal (STF), o governador afastado do Distrito Federal, José Roberto Arruda (sem partido, ex-DEM), não irá retornar ao governo distrital. De acordo com o advogado de Arruda, Nélio Machado, o governador já decidiu permanecer fora da gestão por não ter “condições emocionais” para comandar o governo.
“Se for solto, Arruda não volta ao governo. Ele já tomou essa decisão por não ter condições emocionais de assumir essa tarefa”, disse Nélio Machado ao G1, durante conversa nesta quinta-feira (25) no hotel onde está hospedado em Brasília. Segundo o defensor de Arruda, o governador já está licenciado do cargo e assim vai continuar.
Se for solto, Arruda não volta ao governo. Ele já tomou essa decisão por não ter condições emocionais de assumir essa tarefa".
O governador do Distrito Federal está preso desde o dia 11 de fevereiro na Superintendência da Polícia Federal, em Brasília, por suspeita de tentar subornar uma testemunha do inquérito do mensalão do DEM de Brasília, que tramita no Superior Tribunal de Justiça (STJ).
Para conseguir a liberdade de Arruda no julgamento do habeas corpus no STF, a defesa guarda uma carta na manga que deve ser usada na próxima semana, caso os advogados considerem que há clima favorável entre os magistrados da Suprema Corte. Segundo Nélio Machado, Arruda concordaria em firmar um compromisso de não voltar ao governo do DF enquanto as investigações da Operação Caixa de Pandora não forem concluídas. “Seria o compromisso de não voltar ao cargo enquanto existir suspeita sobre ele”, explica o advogado.
O compromisso seria firmado em duas frentes. Na política, Arruda enviaria uma carta comunicando o seu licenciamento por tempo indeterminado do governo à Câmara Legislativa. Já ao Judiciário, os advogados do governador enviaram documento comunicando a intenção de Arruda de não retornar ao governo. Se as investigações não forem finalizadas neste ano, ele estaria disposto a ficar fora do governo até o fim do mandato.
O compromisso de Arruda se afastar durante as investigações seria, na avaliação dos advogados, uma forma de enfraquecer o argumento que deu origem à prisão do governador, de que ele, no exercício do cargo, teria adotado medidas para atrapalhar as investigações da Polícia Federal.
O escândalo de corrupção em Brasília veio à tona no dia 27 de novembro, quando a Polícia Federal deflagrou a Operação Caixa de Pandora. O suposto esquema de distribuição de propina foi denunciado pelo ex-secretário de Relações Institucionais de Arruda, Durval Barbosa. O inquérito que tramita no STJ envolve o governador do DF, seu vice, deputados distritais, empresários e membros do governo.


Renúncia

Os defensores de Arruda estão divididos em duas frentes de trabalho. Enquanto Eduardo Alckmin cuida da parte política da defesa e o processo de impeachment na Câmara Legislativa, Nélio Machado é responsável pelo trabalho de tentar libertar o governador.
Segundo ele, mesmo com o avanço dos pedidos de impeachment no Legislativo, Arruda não cogita qualquer possibilidade de renúncia ao cargo de governador. "Ele está disposto a lutar até o final. Ele vai se defender em todas as frentes. Em nenhum momento foi cogitada a renúncia nem por ele nem pelos advogados”, disse Nélio Machado.

Julgamento

Nélio Machado também falou dos motivos que o levaram a solicitar a suspensão do julgamento do pedido de liberdade no STF, que estava marcado para esta quinta-feira (24). O advogado disse que sentiu necessidade de “atualizar” o conjunto de argumentos apresentados no habeas corpus na tarde do dia 11, quando Arruda foi preso.
O momento, na avaliação dele, era específico e muito diferente do atual. “Eu achei que tinha de reforçar os meus argumentos, porque o habeas corpus foi feito sem saber o desfecho da votação no STJ (que decidiu pela prisão)”, disse.
A renúncia do ex-vice-governador Paulo Octávio (DEM), que ocupava a cadeira interinamente, também fortaleceu, aos olhos do advogado, a necessidade de adiar a análise do pedido de liberdade: “Tudo estava muito próximo (a renúncia e o julgamento). Tudo muito confuso.”


Fonte: globo. com

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